Quando realizamos uma atividade física e aumentamos a intensidade do exercício (velocidade da corrida, por exemplo), os níveis sanguíneos de ácido láctico começam a se elevar de forma exponencial (POWERS e HOWLEY 2000). Quando um pesquisador colhe uma amostra de sangue de um indivíduo que está se exercitando, a concentração de ácido láctico na amostra é a diferença entre a quantidade de ácido láctico que entra no sangue e a taxa de remoção de ácido láctico do sangue. Em qualquer momento, durante o exercício, alguns músculos estão produzindo ácido láctico e liberando-o no sangue, enquanto alguns tecidos como do fígado, dos músculos esqueléticos e do coração, estão removendo-o. Por conseguinte, a concentração de ácido láctico no sangue em determinado momento pode ser expressa matematicamente da seguinte forma: CONCENTRAÇÃO, ENTRADA E REMOÇÃO SANGÜÍNEA DE = ÁCIDO LÁCTICO – ÁCIDO LÁCTICO NO SANGUE DO SANGUE (POWERS e HOWLEY 2000).
O ponto onde ocorre um aumento considerável de ácido láctico no sangue é chamado limiar de lactato ou limiar anaeróbio. A partir desse ponto começa ocorrer o desequilíbrio entre produção e remoção do lactato (velocidade que o lactato é produzido no metabolismo é maior do que a velocidade de remoção do mesmo). Muitos profissionais da área da Educação Física, utilizam testes para identificar o limiar de lactato, com o objetivo de mensurar a capacidade aeróbia de atletas de varias modalidades e assim identificar a intensidade ideal de treinamento e de competição sem que haja queda de rendimento. BILLAT (1996) demonstra que a mensuração do lactato sanguíneo pode ser usada por técnicos para a predição da performance durante o exercício. Ainda cita que o limiar anaeróbio ou limiar de lactato, define a intensidade do exercício, a velocidade, a fração do consumo máximo de O2 (capacidade aeróbia), a concentração fixa de lactato (4 mmol/l) e a máxima fase estável do lactato. Essas palavras podem estar parecendo estranhas, mas vamos detalhar melhor:
Para STEGMANN et. al. (1981), elucidaram que o limiar anaeróbico anteriormente era considerado um valor fixo de 4 mmol/l de lactato, não respeitando uma cinética individual da concentração de lactato sanguíneo, pois, em seu estudo, foi encontrada uma variação individual muito grande da máxima fase estável do lactato, variando de 1,5 a 7,0 mmol/l, onde propuseram um protocolo para identificar o limiar de lactato de forma individualizada e, este protocolo recebeu o nome de limiar individual de lactato, sua sigla em inglês é I.A.T (Individual Anaerobic Threshold). Com o passar dos anos este protocolo sofreu várias modificações, mas sempre com o objetivo de identificar o limiar de lactato de forma individualizada. Existem na literatura, afirmações de que o limiar individual de lactato, seria a máxima intensidade de exercício sem perda de rendimento que pode ser sustentada por até 50 minutos. Mas de que forma podemos utilizar esses testes para identificar o limiar individual de lactato em provas de longa duração como a maratona onde o tempo de prova pode variar de duas horas e alguns minutos até cinco horas dependendo do nível do atleta. E as provas de triathlon que variam de uma hora (short triathlon), até mais de treze horas (Iron Man). Segundo CHRISTOPHER et. al. (1993) com uma variedade de técnicas invasivas e não invasivas utilizadas para determinar o limiar anaeróbio, cautela tem de serem tomados durante a interpretação dos resultados, devido os diferentes protocolos e as variedades de respostas obtidas com os testes. É essencial analisar a importância das respostas individuais em cada exercício. Espero ter esclarecido uma pouco sobre a utilização do lactato em atletas de longa duração.
Por Fabiano Pinheiro Peres
Referências Bibliográficas